sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O poder das metáforas

Um dos motivos pelos quais eu sempre gostei do livro Insustentável Leveza do Ser era a descrição do ato de se apaixonar feita pelo Kundera.

"Tomas não sabia então que as metáforas são uma coisa perigosa. Não se brinca com as metáforas. O amor pode nascer de uma simples metáfora"

Fiquei pensando nisso e na minha incapacidade crônica de descrever o que eu estou sentindo. Não sou capaz de descrever friamente o que eu sinto, não sei se por um problema de identificação ou de catalogação. Eu sempre penso - e sinto - por metáforas.

O que sempre me incomodou na frase do Kundera era a relação de causalidade. Será que eu me apaixonava porque pensava em uma metáfora ou pensava em uma metáfora porque já estava apaixonada?

Nesses últimos dias vi como, para mim, uma metáfora na verdade é apenas uma forma de compreensão de sentimentos que não consigo entender. Quando eles estão organizados poeticamente, eles ficam claros e "internalizáveis". Do confuso, escuro, ambíguo, indefinido, eu traduzo em algo mais claro e com forma.

Mas, sobretudo, o grande poder das metáforas é me dar paz ao fazer minha confusão interna tão comunicável ao meu intelecto.

Um comentário:

Be disse...

Não sei se se lembra, mas um dia caminhamos do jardins até o exquisito, eu comprei um livro do Borges, na verdade uma palestra que deu em Harvard, se não me engano, existe um capitulo inteiro sobre Metáforas, sempre que leio esse livro penso em você. Na verdade ainda não o terminei! Saudades, beijos, Be